sexta-feira, 28 de maio de 2010

COUNT YOUR BLESSINGS!!

Semana passada fui ao mercado com o André e, gordinha como estou, precisei ir ao banheiro. De repente, sentada no vaso, tive um surto psicótico e comecei a chorar. Calma, eu não sou louca! Vou explicar o desequilíbrio. A história vai ser meio triste, mas prometo que não acaba aí, então fique conectado até o fim.

Voltemos para a parte do meu número 1 no vaso. Nos 30 segundos que fiquei sentada para liberar as 10 gotas de xixi que estavam na minha bexiga comprimida, visualizei uma realidade paralela. Uma realidade em que o meu bebê não existia mais... uma realidade em que a Rebecca não estava mais viva dentro de mim. Eu sei que é mórbido falar sobre isso, mas vamos lá, vou tirar do meu sistema, porque muita gente passa por isso! No dia anterior fomos à obstetra e com a Becky pulando pra lá e pra cá, a médica teve muita dificuldade para encontrar o batimento cardíaco... aí nesse dia fiquei pensando: eu e o André estamos com muitas expectativas para nossa bebê. Na verdade a família inteira está muito feliz, a dinda preparada pra chegada dela... sabemos quem está dentro de mim, já vimos seus pés, suas mãos, seu queixinho (que parece o meu!). Embora dentro de mim, a Rebecca já é parte integrante da nossa família. E aí, nessa realidade paralela o coraçãozinho dela parava de bater... e pior, imaginei até a parte em que a retirariam de dentro de mim com a tal raspagem, aspirando o MEU BEBÊ para fora, como se ela fosse apenas uma sujeira no meu útero. Naquele momento tudo o que tive foi uma grande empatia pelas pessoas que já passaram por isso, que já perderam seus bebês por motivos inexplicáveis... e comecei a pensar nas pessoas que passam por uma gestação inteira sem perceberem o milagre que é carregar um bebê dentro de si. O privilégio que temos diariamente e a bênção que é enfrentar uma gestação sem nenhum problema. Como tem gente ingrata no mundo, que não se lembra de agradecer a Deus por cada dia de vida e de saúde que Ele lhes proporciona!

E isso nos traz ao dia de hoje (tá, só mais uma história triste, prometo!). Há 3 meses nasceu a bebê de uma cliente da minha mãe. Há uns 4 dias essa cliente mandou um e-mail elogiando o trabalho dela, extremamente feliz com tudo o que estava acontecendo, dizendo que ia mudar com o marido e a filhinha para Portugal, perguntando se minha mãe oferecia cursos. Minha mãe, muito feliz com os elogios me encaminhou o e-mail da cliente. Hoje ela me ligou, em choque, pois acabara de receber novo e-mail da cliente: o marido dela faleceu ontem, ataque cardíaco fulminante, no auge dos seus 30 e poucos anos. A menina estava sem chão, sem saber o que fazer, com um bebê de 3 meses e sem o marido. Não quero imaginar a dor que ela está tendo que enfrentar... outra coisa simplesmente inexplicável!

Desde a semana passada tenho estado extremamente quebrantada. Não é difícil chorar de gratidão quando a gente para pra pensar na vida tão maravilhosa que tem e em todas as coisas que temos para nos alegrar. A gente tem tantos caprichos, como querer escolher até o mês em que o bebê vai nascer, pede pra Deus e, quando Ele dá, simplesmente esquece de agradecer. Como dizem os americanos: "count your blessings". E se eu começar a "contar minhas bênçãos", sei que terei ainda mais motivos pra chorar. Ok, eu realmente acho que estou meio hormonal ultimamente... mas isso não muda o fato de que eu tenho tantas coisas para agradecer que fico até constrangida de pensar em reclamar de algo.

Já parou pra pensar nas coisas boas que acontecem com você diariamente? E aí estou vendo as coisas por outra perspectiva. Por exemplo: meu marido lindo foi pra Itajaí na terça-feira pra tocar em um Congresso, e eu estou sozinha em casa. Novamente, pra quem nos conhece, sabe que vivemos absolutamente grudados, então a experiência de passar 5 dias sem ele é extremamente difícil para mim. Por um momento eu quis ficar triste de estar sozinha, por ele ter ido tão cedo e eu não ter podido ir junto... mas aí eu comecei a pensar: nós nos falamos 10 vezes por dia, ele me liga a cada minuto pra dizer o que está fazendo e que me ama e sente a minha falta. Ele foi pra Itajaí tocar em um Congresso muito grande, onde irá ministrar para milhares de pessoas, parte de um grande sonho do seu coração, que é trabalhar com música. Quão egoísta é ficar triste com isso? Que coisa maravilhosa que temos uma cobertura que dá a ele esse tipo de oportunidade, e se tenho que sentir alguma coisa é alegria e orgulho de ser casada com um homem tão talentoso e abençoado. E sob essa perspectiva, passar esse tempo longe dele se torna um pouquinho mais tolerável.

Outra coisa que aconteceu nessa semana foi a saga para encontrar uma nova obstetra. Minha obstetra não estará aí na data que escolhi para ter a Rebecca, então decidimos ir à luta atrás de outra. Pegamos algumas recomendações com alunos e amigos, e lá fui eu (graças a Deus acompanhada) para conhecer as tais obstetras. Obstetra número 1: não quer fazer o parto com 38 semanas. Outro fato relevante: digamos que ela era meio "masculinizada". Sim, gente, agora imagine o medo da mulher resolver me examinar! CEEERTO que a situação foi muito desconfortável! Obstetra número 2: relutante em fazer o parto com 38 semanas. Outro fato relevante: errei o horário da consulta e não consegui ser atendida naquele dia, tive que remarcar e pagar uma fortuna de estacionamento pra ficar 5 minutos no prédio. Obstetra número 3: ainda não conheço, mas estou com altas expectativas! Acho que é essa, mas só consegui marcar consulta para o dia 4/6. O tal do prazer da espera, nesses casos, não é tão prazeroso assim. Mas vamos lá, "count your blessings"! Estou pensando em como será divertido contar pra Becky a dificuldade que foi encontrar um médico que nós gostássemos e que topasse dar uma data de aniversário bonita pra ela.

E assim minhas semanas estão passando, estou entrando na vigésima amanhã (ou seja, fecho 19 semanas), e a cada semana tenho uma nova experiência, triste, alegre, bizarra... e o mais legal é que tem um monte de gente acompanhando esse tempo comigo, me vendo orar diariamente pra minha filha ser bonita (que medo de ter um bebê feio!!!). Ah, falando nisso, é importante ressaltar que existe, SIM, bebê feio, e que tem umas coisas meio duvidosas na nossa genética, vai saber! Dizem que nenhuma mãe acha o bebê feio, mas como eu já vi uns bebês bem estranhinhos por aí, não custa orar... a hora é agora, enquanto Deus ainda pode fazer alguma coisa aqui dentro! Então gente, orem junto pela Rebecca, pra ela ser saudável e linda.

E quando estiver contando suas bênçãos e agradecendo a Deus por elas, lembre-se de agradecer por fazer parte da nossa vida e desse momento tão único para nós! Nós, certamente, agradecemos a Ele por você!

quarta-feira, 12 de maio de 2010

O PRAZER DA ESPERA

Eu nunca fui muito de esperar... sou curiosa, ansiosa, típica sanguínea, que não pode ouvir que alguém tem um segredo e já quer saber o que é! Sempre coloquei a esperança na idade, que o amadurecimento ajudaria a melhorar isso, mas conforme o tempo foi passando, fui percebendo que a mudança nesse aspecto nunca esteve nem perto de acontecer.

Mas as situações mudam, a vida da gente muda... e recentemente aprendi a adquirir certo prazer na espera. No dia 16 de fevereiro descobri que estávamos esperando um bebê. A gravidez mais planejada do mundo, e Deus foi tão bom que fez exatamente como queríamos... nem um mês depois de começarmos já tivemos o resultado: estávamos grávidos!

MOMENTO 1

Chegamos de um retiro da igreja, passei na farmácia para comprar anti-alérgico e já despretensiosamente peguei um teste de gravidez "só pra ver". Claro, esperança eu até tinha, mas havíamos acabado de começar a tentar, então nem contei pro André pra não criar expectativas desnecessárias. Entrei em casa, louca de vontade de ir ao banheiro... fiz o teste. Li o resultado. Reli. Era verdade... positivo! Quando o André acabou de subir as malas eu o chamei. Primeira reação do marido: "tem uma barata no banheiro!" (pra quem me conhece, sabe que uma barata é motivo mais que suficiente pra eu gritar desesperadamente o nome do André!). Mas não, dessa vez não era uma barata... era algo um pouquinho melhor. Ele entra no banheiro, o teste sobre o resultado em cima da pia. Lê por alguns segundos... ansioso pelo resultado, pede confirmação... e foi aí que nasceu o nosso sonho!

MOMENTO 2

A partir daí a pessoa já tem noção do que está acontecendo, mas parece meio inacreditável. O exame de sangue no dia seguinte confirmou... mas eu não me sentia grávida. Sem enjôo, sem estresse (será?), sem grandes alterações de humor a gente acaba questionando... aí a espera pelo primeiro ultrassom, que tem que ser com 6 semanas pra conseguir ouvir o coração do bebê. A longa espera de 2 semanas (quase 100 dias) e ali estava ele, o bebê mais lindo do mundo, uma manchinha preta, com seus 4mm e o coração batendo bem forte.

MOMENTO 3

Com o meu super útero se expandindo, algumas pontadinhas de vez em quando, e o bebê mais amado do universo crescendo em graça e tamanho. A espera pelo ultrassom das 12 semanas (da transluscência nucal), que poderia dar uma idéia do sexo do bebê, foi outra espera de mais uns 4 meses! Nunca 6 semanas passaram tão devagar. E aí a gente fica com medo de escolher algum sexo, de ter a nossa preferência... é nessas horas que vc entende aquela frase ridícula: "se vier com saúde, o que vier eu estou feliz". Sim, a frase é ridícula, mas a mais pura expressão da verdade. Os meus pais tem 4 netos meninos, os pais do André tem 2 netas meninas... certamente seríamos a primeira experiência de uma das famílias. Enfim, chegou o dia! Em São Paulo com o médico das minhas irmãs fiz o exame... e como esse bebê se mexia! Pulava, brincava... eu nunca achei que meu útero fosse tão divertido! Estava agora com 5cm!! E aí o médico diz: "eu tenho um palpite!" e os segundos seguintes, que demoraram uns 20 minutos pra passar, foram daquela antecipação de quem está para receber um grande presente. Ele explicava sobre as probabilidades, 70 a 80% de chance, etc, mas quem liga pra probabilidade nessas horas? "Eu acho que é uma menina!"

Com a idéia na cabeça, voltamos para Porto Alegre, "eu acho que é uma menina" ecoando na minha mente. Já tínhamos os nomes: Benjamin ou Rebecca. Faltava a confirmação. Nessas horas todo mundo tem alguma opinião, é uma fase mega divertida (pra quem não tem que esperar). Outra coisa legal é enfrentar filas... vc quase sem barriga nenhuma já entra na fila de atendimento preferencial, esperando que alguém queira te barrar, só pra poder dizer: "Sim, eu estou grávida!!!". Aliás, parece que todas as conversas passam a ser sobre gravidez, e o tanto de gente que aparece grávida ao seu redor é ridículo! Mas, como não dá pra ser a única grávida do mundo, a gente aprende que dá pra compartilhar experiências, falar sobre as coisas bobas que vc já falou com o seu marido 30.000 vezes (e o santo ouve todas as vezes com um grande sorriso, como se fosse a primeira).

MOMENTO 4

E em idas ao mercado, tentando forçar uma barriga (que até então eu tentara esconder a todo custo), passaram-se as outras 4 semanas... agora com 16, hora de confirmar o sexo! Aí ia depender da boa vontade do bebê de colaborar. Os dias anteriores ao exame em contagem regressiva, conversando com o baby pra ele ser consciente e se mostrar pra mamãe e pro papai. O mico de ficar falando com uma barriga... e lá estava o bebê... se mexendo enlouquecidamente, como se a gente tivesse instalado um brinquedo novo no útero. Vimos a coluna, as costelas, os braços, as pernas... e lá estava! Quer dizer, não estava!! Não tinha mais dúvida: a Becky estava pulando no meu útero, como se soubesse que estávamos olhando pra ela!

MOMENTO 5

E assim chegamos no dia de hoje! 1 dia após o exame, 16 semanas e 4 dias de gestação. E é aí que vem o prazer da espera... eu já sei quem está dentro de mim... eu já sei que ela está bem. De repente a vontade de que tudo isso passe rapidamente foi embora! Claro, estou na antecipação da barriga (quando eu vou realmente parecer grávida?), mas o ponto é: EU QUERO ESPERAR! Finalmente estou reconhecendo todo o milagre do processo, ver nosso bebê passar de ser uma manchinha preta a uma pêra, num espaço de tempo que de repente parece tão curto! Finalmente, depois de 4 momentos de intensa espera e antecipação, quero aproveitar meu momento 5 (e o 6, e o 7, e o 8, e quantos outros tiver!), curtindo cada semaninha em que meu bebê cresce alguns centimetrozinhos, preparando-se para nos conhecer. Que privilégio é poder servir de encubadora para alguém! Que sensação maravilhosa saber que nosso bebê já está a caminho, e que ela está aqui dentro, pulando, dançando e se divertindo!

Eu quero ter tempo para processar tudo o que está acontecendo, tempo para me preparar para a vinda da Rebecca, tempo para pensar nas milhares de coisas que vamos fazer juntos... nossa família! Minha FAMÍLIA! Passo tempo com a mão na barriga, imaginando a "menininha do papai", ele brincando de ursinho com ela... a imaginação vai longe! E eu, que tanto já critiquei essas grávidas que passam o tempo todo com a mão na barriga, fico pensando que na verdade a gente só está tentando acreditar que tudo isso está realmente acontecendo.

Que coisa boa é esperar! Esperar o momento certo das coisas, o momento certo de Deus para as coisas! Porque agora eu sei que a nossa espera foi o que nos preparou para viver esses momentos tão intensamente. Quero muito conhecer a Becky, mas no tempo certo, quando ela estiver pronta para me ver... até lá, que ela fique aqui, pulando, dançando, se divertindo... e que esse momento seja tão especial para ela como está sendo para mim!